6 de setembro e a história por trás do Dia do Sexo: como uma campanha virou tradição nacional

Você já pensou que datas como Dia das Mães, Dia dos Pais e até o Dia do Obstetra só existem por causa do sexo? Foi exatamente essa lógica que inspirou a criação do Dia do Sexo, celebrado em 6 de setembro — uma referência bem-humorada à posição sexual 69.

A origem da campanha

Em 2008, a marca de preservativos Olla, então pertencente a José Araújo, lançou uma campanha publicitária ousada para promover a data. A ideia surgiu na agência Age, liderada por Carlos Domingos, ao perceberem a coincidência sugestiva do número 6/9 no calendário. A campanha foi veiculada em vídeos, anúncios, e-mails e até um site próprio, com o objetivo de oficializar a data no Brasil. Embora o abaixo-assinado para levar a proposta à Câmara dos Deputados não tenha avançado, o Dia do Sexo entrou para o calendário popular.

Propósito além do marketing

A campanha não se limitava à promoção comercial. Ela buscava:

• Naturalizar o debate sobre sexualidade
• Incentivar o sexo seguro e a prevenção de ISTs
• Combater o tabu que cercava o tema

Domingos relembra que, na época, o sexo ainda era tratado como algo “errado” ou “escondido”. A proposta era trazer o assunto à luz, com leveza e responsabilidade.

A trajetória de Zé das Camisinhas

José Araújo, apelidado de “Zé das Camisinhas”, começou no ramo em 1969, vendendo preservativos com a família. Em 1979, fundou a INAL, que produzia marcas como Olla, Lovetex e Microtex. Após vender a empresa em 2009 para a Hypermarcas, José continuou como consultor. Em 2017, a divisão foi adquirida pela Reckitt Benckiser, que encerrou a fábrica dois anos depois, demitindo 300 funcionários.

Com o imóvel ainda sob posse da família, José e seu filho Denis decidiram retornar ao mercado, relançando a empresa como INALTEX — movidos mais pela emoção do que pela razão.

INALTEX na terceira geração

Hoje, a INALTEX produz cerca de 12 milhões de preservativos por mês e planeja expandir para 30 milhões com terceirização e exportação. A empresa também aposta em um preservativo antialérgico feito de látex sintético, ainda em processo de registro.

O desafio da conscientização

Apesar da evolução da conversa sobre sexo, José e Denis observam uma queda na preocupação dos jovens com ISTs. Dados preocupantes mostram que:

• Em 2019, 59% dos brasileiros acima de 18 anos não usaram camisinha nenhuma vez no ano anterior
• Em 2023, 4 mil mulheres entre 15 e 24 anos foram infectadas semanalmente pelo HIV no mundo

Denis reforça que o Dia do Sexo continua sendo uma oportunidade importante para conscientizar sobre sexo seguro.

Comunicação moderna

A nova abordagem da INALTEX foca no público jovem, com campanhas coloridas, divertidas e digitais — como a da marca Prosex, que se destaca dos concorrentes por fugir das tradicionais propagandas escuras e sensuais.

Carlos Domingos celebra a mudança de paradigma: “Hoje o sexo é visto como algo saudável, como fazer exercício ou tomar sol.” Com informações: UOL